Lei das Fronteiras Fortes: o projeto de lei que preocupa os estudantes internacionais no Canadá

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O projeto de lei C-2: Lei das Fronteiras Fortes, apresentado em 3 de junho de 2025 pelo governo do Primeiro-Ministro canadiano Mark Carney, gerou um intenso debate em todo o país, dadas as suas implicações para os requerentes de asilo e para os direitos dos migrantes. Se, por um lado, o projeto de lei visa melhorar a segurança nacional e a integridade do sistema de imigração, por outro lado, é também motivo de preocupação, uma vez que contém disposições que podem afetar profundamente os estudantes internacionais, especialmente aqueles que mais tarde procuram refúgio ou residência permanente no Canadá.
Convido-o a ler até ao fim, pois aqui explicarei o que esta lei significa para os actuais e futuros estudantes internacionais que vêm para o Canadá este ano. Vamos começar.
O que é a Lei das Fronteiras Fortes?
A Lei das Fronteiras Fortes é um ato legislativo de grande alcance que visa reforçar a segurança das fronteiras no Canadá, combater a criminalidade transfronteiriça e reforçar a capacidade do governo para responder a emergências de grande escala e a fraudes em massa.
Algumas das suas principais medidas incluem:
- Alargar os poderes da polícia para aceder a dados digitais sem mandado.
- Proibir grandes transacções em numerário e aumentar as sanções por falhas no controlo do branqueamento de capitais.
- Permitir que o governo cancele classes inteiras de pedidos de imigração sem a necessidade de os avaliar caso a caso.
Porque é que os estudantes internacionais se devem preocupar?
Embora os estudantes internacionais não sejam o alvo principal da lei, são diretamente afectados, especialmente no que diz respeito ao sistema de asilo e ao tratamento dos pedidos de imigração. Vejamos em pormenor os pontos mais preocupantes:
1. Existe um risco acrescido de anulação de pedidos
Uma das disposições mais controversas do projeto de lei é o facto de conferir amplos poderes ao governo para cancelar, anular ou revogar classes inteiras de pedidos de imigração, que são do interesse público.
É precisamente este poder sem precedentes que cria grande incerteza e, embora os funcionários tenham afirmado que não se aplicará aos requerentes de asilo, também não há clareza sobre outras categorias, como as autorizações de estudo, a elegibilidade para a autorização de trabalho de pós-graduação (PGWP) e os pedidos de residência permanente ao abrigo de programas económicos.
2. Aumenta a incerteza
Este novo poder acrescenta uma camada adicional de incerteza a outras questões já enfrentadas pelos estudantes internacionais, tais como
- O limite nacional das autorizações de estudo é de dois anos.
- Alterações à elegibilidade para a autorização de trabalho de pós-graduação (PGWP).
- Maior controlo da qualidade da educação.
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3. Impõe restrições aos pedidos de asilo apresentados por estudantes.
O projeto de lei propõe um prazo de um ano para os pedidos de asilo, com efeitos retroactivos a junho de 2020. Esta seria uma mudança radical, uma vez que o Canadá nunca impôs um prazo deste género, o que estaria historicamente em conformidade com a Convenção de Genebra.
Porque é que isto é importante para os estudantes internacionais?
Entre 2023 e 2024, os pedidos de asilo de estudantes internacionais aumentaram de 10.000 para 18.000, o que levou a acusações (nem sempre verificadas) de falsos pedidos. O projeto parece responder diretamente a esta situação, acabando assim por criminalizar um grupo vulnerável.
Muitos estudantes internacionais apresentam pedidos de asilo após a conclusão do curso quando se vêem confrontados com dívidas, pressões familiares ou mudanças nos seus países de origem.
Por conseguinte, com o novo prazo, os requerentes tardios serão excluídos do processo formal do Immigration and Refugee Board (IRB) e serão remetidos para o processo de Pre-Removal Risk Assessment (PRRA), que é considerado uma"forma inferior de proteção".
4. Incentiva a perda de garantias processuais
Se, por um lado, o Immigration and Refugee Board (IRB) é reconhecido mundialmente por proporcionar audiências justas e independentes, há um contraste com o processo PRRA, que é gerido por funcionários do Ministério da Imigração, não garante uma audiência oral e tem menos opções de recurso.
Na prática, a Lei das Fronteiras Fortes reduz as protecções processuais para muitos requerentes, mesmo para os que têm motivos válidos para pedir refúgio que vão surgindo ao longo do tempo.
5. Consequências das falhas sistémicas
Durante anos, o sistema de imigração canadiano promoveu a vinda de estudantes internacionais através de promessas de caminhos para a residência permanente, de agentes externos pouco regulamentados no estrangeiro e de uma fraca supervisão dos colégios privados. Como resultado, muitos internacionais contraíram dívidas enormes para estudar no Canadá, tiveram conflitos laborais, conflitos de alojamento, informações falsas e, não só isso, ficaram num limbo jurídico que não conseguiram resolver porque não planearam os seus procedimentos com consultores regulamentados e especializados que soubessem aplicar estratégias eficazes face às políticas em mudança do país.
Os perigos da Lei das Fronteiras Fortes
O projeto de lei C2, longe de corrigir estes problemas estruturais, estaria a"punir" os próprios estudantes, restringindo o acesso ao asilo e ameaçando a anulação de pedidos em massa.
Embora a Lei das Fronteiras Fortes seja apresentada como uma medida de segurança nacional destinada a melhorar o sistema de entrada no Canadá, criaria também um precedente perigoso que poderia comprometer a reputação do país como uma referência mundial em matéria de proteção humanitária.
Se este projeto de lei for aprovado sem alterações, constituirá um lamentável revés para a abordagem inclusiva do Canadá em matéria de imigração, desencorajando milhares de estrangeiros que confiaram na promessa, nas oportunidades de crescimento e na estabilidade económica que o país tanto oferece.
Especialistas em imigração exprimem a sua opinião
Os especialistas em imigração, bem como os defensores dos refugiados, concordam que a solução reside no financiamento e na reforma, e não na restrição.
Algumas alternativas recomendadas para evitar medidas que não incorram em excessos de poder sobre os internacionais vulneráveis apontam para três propostas:
- Atribuir um orçamento mais elevado ao Conselho para a Imigração e os Refugiados (IRB) para reduzir os milhares de processos em atraso.
- Ativar alguns programas específicos de regularização, como o " Anjos da Guarda" durante a pandemia, que concedeu residência permanente a 10 000 profissionais de saúde.
- Planear e aplicar um controlo eficaz dos estabelecimentos de ensino e dos agentes de recrutamento, a fim de evitar a fraude na fonte.
Recomendações da Immiland Canada
Dado que as constantes mudanças nas políticas de imigração do Canadá têm gerado muita incerteza e preocupação, especialmente para os estudantes internacionais com planos para o futuro no Canadá, recomendamos vivamente a criação de um plano de preparação e adaptação.
Comece por conhecer bem o seu perfil de migração e mantenha-o atualizado. A proactividade é fundamental na imigração. A ativação de um "plano B" flexível permitir-lhe-á adaptar-se a qualquer eventualidade. Lembre-se que os cenários podem mudar, mas com a informação e a preparação corretas, tomará as melhores decisões para a sua instalação legal no Canadá.
É um estudante internacional afetado por estas alterações? Na Immiland Canada, estamos aqui para o orientar. Sinta-se à vontade para consultar a nossa equipa de profissionais regulados pelo CICC para orientar o seu caso. Além disso, exortamo-lo a fazer valer os seus direitos e a exigir transparência às instituições e aos decisores políticos sobre os seus direitos e opções. Se necessário, pode marcar uma consulta.
Visite o sítio Web: https://www.immilandcanada.com/ e siga as nossas plataformas de redes sociais para obter futuras actualizações sobre o projeto de lei C-2 e o seu impacto no sistema de imigração canadiano.
Muito obrigado pela leitura. Até ao próximo post.
Com amor,
Immiland Canadá
Nota: Este artigo não constitui aconselhamento jurídico ou parecer jurídico de um advogado. Tem apenas o objetivo de informar os leitores sobre determinados aspectos dos pormenores da lei em matéria jurídica.